quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Compromissos e Casamentos ou Amizades Cheias de Cor??

Cada um sabe de si, mas euzinha acabei por aprender nos meus 34 anos de vida que nem toda a gente foi feita para casar... eu (por exemplo) sei que não fui. A rotina e o dia a dia enjoam-me. Egoísta eu? Assumidamente.

Acredito que o homem não é um ser monogâmico e que ao longo da sua vida tem a opção de resistir às tentações e manter um casamento, ou não resistir às tentações e manter um casamento, ou exercer a sua liberdade de estar com quem quiser quando quiser... as relações ditas ‘coloridas’ fazem, na minha opinião, mais sentido.

Apesar de hoje pensar desta forma nem sempre fui assim, quando era mais nova estava disposta a tentar, o compromisso fazia todo o sentido. Se me custava? Sim! Claro que sim! Mas afinal, como a maioria das pessoas da minha geração, cresci no ceio de uma família católica, que apesar de não ser praticante (what the hell is this?!?!) também levei com a habitual lavagem cerebral que, qual publicidade subliminar, nos incute que o prazer é pecado, que para se ser feliz tem que se passar pela luta, que a vida é difícil, que é preciso suar muito para se ter um lugar ao sol... Nesta base ter um dia a dia rotineiro e cansativo, sacrificar anos por um casamento, por um compromisso faz todo o sentido: só depois do suor é que vem o lugar ao sol... A pessoa aceita a cena, à espera do tal lugar ao sol que nunca mais chega... vão-se passando os anos, as crianças nascem, a vida quotidiana continua (cada vez mais) difícil, as pessoas tornam-se rancorosas, acordam de neura, vão trabalhar de trombas, voltam para casa para mais um serão repleto de obrigações: fazer o jantar, arrumar a loiça, dar banho às crianças, organizar a roupa... e claro isto tudo misturado com discussões várias, sobre nenhum assunto, nada que contribua para o crescimento do casal... às tantas é inevitável a ruptura...

Será que as crianças de hoje ainda acreditam que existem princesas e belas adormecidas à espera de serem salvas ou acordadas por um príncipe guerreiro e destemido?? Pois na minha opinião até são capazes de achar piada às histórias (como nós achamos piada ao mundo fantástico do senhor dos anéis) mas acreditar nelas, duvido. Arrisco mesmo dizer que infelizmente a geração da minha filha vai ter muito pouco para acreditar, senão nelas próprias, o que já não é nada mau...

Depois de uma relação falhada, é-me complicado entender o que leva duas pessoas a assumirem um casamento, mas até chego lá, consigo identificar-me: em tempos também eu acreditei no amor para sempre. Mas quando somos pequeninos e lêmos as histórias das princesinhas não imaginamos que elas casassem com alguém que não amavam... se com o tão falado AMOR a coisa é complicada então sem ele OH MY GOD... antes o casamento era uma imposição natural, organizado pelos pais logo após o nascimento das suas filhas princesas, o casamento dito por amor era (privilégio) apenas dos pobres –» amor e uma cabana... UMA OVA! Nos dias de hoje amor e uma cabana é utópico, não há amor que resista... nota-se que até na palavra ‘resistir’ está implícito algo forçado, algo negativo do género «resistir a uma gripe; resistir a uma tentação» se é preciso resistir para o amor durar então que se lixe o amor e casemo-nos por conveniência SIM!

Isto leva-me ao ponto onde estou neste momento: ate the end of the day, não ganhamos nenhuma medalha em manter um casamento... nem os filhos nos vão agradecer... talvez haja, no entanto, pessoas que mantêm o casamento com a desculpa que é por causa dos filhos e no fundo é por conveniência... voltamos às histórias das princesas mas já sem a fantasia, voltamos à própria história da origem do casamento que era claramente por conveniência, forçado pelos reis e aceite por todos... agora continua a ser por conveniência mas forçamo-nos a acreditar que é por AMOR...

2 comentários:

Cristina Rodo disse...

Bem, vou tentar não me esticar demasiado:
Entre o casamento de conveniência e o de paixão há variadíssimos tons de cinzento...
A paixão, digam o que disserem, não dura para sempre. O que quer dizer que, ou se transforma noutra coisa em que continue a valer a pena investir, ou a relação morre.
O problema é que algumas "pessoas crescidas" de hoje continuam a acreditar no Pai Natal, ou neste caso no "Princípe Encantado"... Hello???!!! "E viveram felizes para sempre?!"
Os contos de fadas não existem... ninguém vive feliz e apaixonado "para sempre", as coisas esmorecem, a pica (em todos os sentidos) vai-se atenuando, e só se houver alguma coisa para além disso é que as relações sobrevivem.
Daí a rotular todas as relações matrimoniais que se aguentam de "casamentos de conveniência"... talvez um pouco extremista, não?

Unknown disse...

Ainda ontem estava a ler a história da Cinderela à minha filha que acaba assim:

"Chegou o príncipe e, abraçando-a, declarou-lhe amor eterno e pediu-lhe que casasse com ele. Viveram felizes para sempre."

Hummmm..... Amor eterno...???? Para sempre...???

Não consegui evitar um momento de silêncio... Pensei precisamente "que raio de imagem da vida estou aqui a dar à minha filha...". Será que lhe devo explicar já que não acredite em nada disto ou que a deixe descobrir às suas custas?

As histórias para crianças acabam invariavelmente assim, sobretudo as das princesas.... É caso para pensar no que vem antes, se o ovo ou a galinha. Facto é que as meninas são sempre mais românticas e idealistas que os rapazes e são as que levam com estas moralidades desde cedo...

Hoje em dia tenho dificuldade em ver uma relação como eterna, mas também não a condeno à partida, pois tira-me o gozo todo... he he! É como ir logo ler o final de um livro quando ainda vou no início...

Se não for para sempre, que seja eterno enquanto dure.

;-)