quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Experiencia, quem a tem?

Já me escondi atrás das cortinas e deixei esquecidos os pés de fora,

Já fingi que tinha febre para não ir à escola e queimei-me a tentar aquecer o termómetro numa lâmpada,

Já cantei até a voz me faltar em frente ao espelho agarrada a uma escova a fingir de microfone,

Já fiz um balão com uma pastilha que se me colou à franja, já colei pastilhas debaixo da mesa por não saber onde as por,

Já fiz cócegas à minha filha só para que ela parasse de chorar, já lhe bati e arrependi-me logo de seguida,

Já quis ser cantora, bailarina, trapezista, e também já quis trabalhar na caixa dum supermercado,

Já roubei um gelado na mercearia do bairro, já menti e fui descoberta,

Já gozei com quem achei ser fraco e também já fui gozada por quem já admirei,

Já roubei um beijo, confundi sentimentos, magoei e fui magoada,

Já lambi o fundo da panela e queimei a língua, já bebi vários tragos de leite até perceber que estava estragado,

Já copiei em exames e fui apanhada, já deixei que copiassem por mim,

Já subi às escondidas ao telhado da casa da minha avó para tentar agarrar as estrelas, já fugi de casa para sempre e voltei logo a seguir,

Já caí no meio da rua, já chorei em publico e sozinha numa casa de banho por alguma coisa que me aconteceu,

Já fiz juramentos de amor eternos para descobrir tempos depois que nada dura para sempre,

Já me enganei e já julguei injustamente, já me castigaram sem razão mas também já tive castigos merecidos,

Já corri para não deixar alguém a chorar, já defendi um amigo sem razão só por ser amigo, já fiquei só no meio da multidão sentido falta de uma única pessoa,

Já mergulhei numa piscina e não quis sair mais até os lábios ficarem roxos e a pele dos dedos enrugada, já senti a boca dormente por ter bebido demais,

Já vi a cidade do céu e nem mesmo assim encontrei o meu lugar,

Já senti medo do escuro, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para voltar a amar, já me apaixonei e pensei que fosse para sempre,

Já falei sozinha e ainda falo, já me ri de mim e ainda o faço, já andei descalça sob a relva e fiquei com os pés doridos, já corri para chegar em primeiro lugar,

Já senti medo de morrer, já gritei de felicidade, já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos,

Já aprendi que a vida é para ser saboreada em todos os momentos e que estes ficam para sempre em nós guardados, e sobretudo já sei que em cada instante, em cada lufada de ar, tudo se renova.

INjoy LIFE!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Why jump out of perfectly good airplanes??

Porque raio é que alguém, no seu perfeito juízo, salta dum avião que está a funcionar perfeitamente bem? Será loucura? Será coragem? Ou um pouco de ambos?

Para muitos saltar de um avião a 5kms da terra é considerado um acto de loucura….não posso deixar de me sentir uma verdadeira privilegiada, é que no passado o ‘louco’ era fruto da escolha dos deuses, era através dos loucos, que os deuses comunicavam com os homens.

Para outras pessoas, saltar de um avião é um acto de coragem: a capacidade de enfrentar um medo. A incerteza que o pára-quedas abra….. If it can’t kill you it aint a sport!

É difícil expor num post todo o sentimento à volta do salto. Vou (apenas) tentar…

A primeira vez a gente nunca se esquece… Foi no Algarve, há exactamente 2 anos.

Fui-me deitar tranquila, longe estava eu de imaginar que a partir desse dia um novo capitulo da minha vida ia começar. Achava que ia fazer uma loucura, que ia sentir a adrenalina e que iria ter uma história para contar, e era só isso. Been there, done that. Ponto final… Mas assim que cheguei à zona, e à medida que me preparava para o salto, percebi claramente que tinha encontrado a minha tribo. Nunca me senti tão encaixada e integrada como ali, rodeada de pessoas com as quais me identifiquei logo. É lógico que não sou excepção, estava nervosa, quer dizer, em boa verdade estava em pânico.

Durante os dez minutos que demora a subida ruidosa dentro do avião, todos equipados, sentados e encostados uns nos outros, em fila indiana, pela ordem de saída, eu (presa de movimentos e com as pernas dormentes) subia submersa em pensamentos incoerentes onde imagens, isentas de sentimentos, passavam rapidamente pela minha cabeça, imagens das minhas conquistas e vitorias intervaladas por imagens de cenas estranhas e sem qualquer sentido, onde confundia imagens da minha filha a sorrir para mim com imagens de pessoas estranhas, pessoas que estavam ali, sentadas ao meu lado, com o mesmo objectivo que eu: desafiar a vida.

Assim que o avião descola não há volta a dar. Em frente é que é o caminho. Desistir? Nem pensar… Ajoelhou? Vai ter de rezar! Aos poucos a imagem vertiginosa da terra começa a desaparecer, as árvores começam a parecer pequenos arbustos, os terrenos sinuosos parecem planos, e em menos de 10 minutos a pequena terra de onde descolámos transforma-se no mundo. A porta abre-se, o frio e o medo entram precipitadamente; os primeiros pára-quedistas começam a abandonar o avião, sinto uma espécie de angústia, doem-me os dentes, as pernas dormentes começam a tremer, sinto uma vontade de saltar muito grande, a espera pela minha vez transmite-me um sentido de dever, de missão, I can do it! Estou confiante, é um nervoso tranquilo, que me deixa em alerta: não há nada que me escape, estou atenta a tudo à minha volta, o som, o frio, a qualquer movimento, a qualquer respiração, tudo observo.

Chega a minha vez. Estou calma. Respiro fundo. Estou confiante. Não há hesitações. Há dois instrutores que vão saltar comigo, eles sorriem, fazem caretas um ao outro para aliviar a (minha) tensão. Estão literalmente à altura do salto que se propuseram fazer comigo. Sinto total segurança e firmeza da parte deles, sei que não me vão deixar à deriva, vão estar ali, ao meu lado, a ensinar-me a voar. Assim que saio do meu ‘porto seguro’ e enfrento a brisa de ar fresco que rapidamente se transforma em vento que me massaja o corpo e me sustem o voo o nervosismo desaparece e a adrenalina apodera-se de tal maneira que se torna impensável voltar a trás. Estou a voar.

Heaven, I’m in heaven, and my heart beats so that I can hardly speak, and I seem to find the happiness I seek….

Até que a um determinado momento abro o pára-quedas, assim que a calote apanha ar e se começa a desenvolver, acaba a intensidade da queda livre e começa a paz do voo. Estou sozinha, pendurada numa asa pela primeira vez. Tenho que a levar para o chão. Tenho que a manobrar. Sinto-me bem. Eufórica. Não consigo deixar de sorrir. Tenho o mundo aos meus pés!

À medida que desço à terra a minha auto-estima sobe ao céu! Aterrei! Sou a maior! Quero repetir. Não…….. EU TENHO de repetir.

Hoje, quase 300 saltos depois, se ainda tenho medo? Sim tenho, mas é um medo diferente: já não vou para o desconhecido, já não há o pânico, mas o medo continua. O medo que vem com a experiencia. É um medo que aumenta com a noção que vamos tendo, à medida que vamos aprendendo, que ainda estamos longe de saber tudo. É um medo saudável. Que nos mantém conscientes e concentrados, e sobretudo que não nos deixa desleixar em relação à segurança.

Mas ser pára-quedista não é só saltar de aviões (que funcionam perfeitamente bem)… é muito mais do que isso.
Para mim é uma forma de estar na vida. É uma atitude, uma maneira de ser. Um pára-quedista é (no geral) uma pessoa ‘com pelo na venta’, com personalidade, com carisma. É admirado entre os seus. É uma pessoa que, apesar de não ter medo da morte, adora a vida, e tira proveito dela. É uma pessoa do mundo, com horizontes largos e visões ambiciosas. É solidário e solitário. Está bem com ele próprio e com o mundo que o rodeia, respeita o próximo. Gosta do seu íntimo, aprecia-se. Trata-se bem. Não tem medo de arriscar, de enfrentar desafios. Tem presença.

Um pára-quedista sente-se bem entre os seus pares, sente-se em casa, mesmo que esteja na Rússia. Não tem receio do julgamento alheio, e aceita outras formas de pensar, consegue entreter uma ideia, um pensamento diferente do seu, sem ter que o aceitar.

Mas não é tudo um mar de rosas… quem é mordido pelo bichinho do pára-quedismo dificilmente deixa o desporto. Assim, as pessoas próximas do pára-quedista, sofrem pela sua ausência, não entendem como é que lhes deixamos de dar atenção e começamos a viver obcecados com os saltos. Como deixamos de fazer férias em família para estar na zona. Tudo o resto deixa de ter importância, e as prioridades alteram-se de vez. Ou és pára-quedista ou então esquece. É do género: ‘a minha namorada fez-me um ultimato: ou ela ou o pára-quedismo…. vou sentir saudades dela’

Once a skydiver always a skydiver!
Take air!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vende a VACA!

Há dias que de manhã, uma pessoa à tarde, não devia sair de casa à noite!

Felizmente há outros dias em que acordo, antes do telemóvel tocar, e me sinto uma verdadeira privilegiada por ficar uns minutinhos extra na autentica ronha. Espreguiço-me, medito, dou festas ao Nicolau (que é o gato que dorme comigo – no sentido literal do termo), até sair da cama e iniciar o meu dia. Nestes dias, que (sorte a minha) são a maior parte deles, parece que tudo flui.

Se tenho sono e vontade de ficar na cama, tenho a sorte de ter que me levantar porque tenho alguma coisa para fazer (na vida); se está sol e o dia está bonito, é uma alegria, se está a chover melhor ainda: é sinal que pelo menos por falta de água o país não se vai queixar; se apanho trânsito na A5 é porque faço parte de um grupo, muito restrito no mundo, que tem um carro, e sobretudo possibilidades de o manter, se por outro lado vou de comboio, ou metro não apanho transito e poupo no gasóleo. Se chego ao escritório e tenho toneladas de trabalho é sinal que alguém confia nas minhas capacidades, se não tenho, é uma oportunidade para pesquisar assuntos interessantes na net.

Há dias em que até ligar para o ‘serviço de apoio ao cliente’ é gratificante, apesar de estarmos 10 horas e mais 6 meses à espera que nos atendam, somos confortados várias vezes com a frase: ‘a sua chamada é importante para nós, por favor aguarde’ o que só faz bem à auto-estima, a nossa chamada é importante caraças! Não acham? Ou quando andamos de autocarro e lemos ‘cuidado com o degrau’ é sempre simpático haver quem se tenha lembrado de escrever estes avisos calorosos e amáveis para poupar-nos da triste figura de nos espalharmos no degrau do autocarro… Há também, para quem o estrelado é importante, a famosa: ‘sorria está a ser filmado’, se não fosse esta camera (oculta) há muita gente que não tinha a sorte de ser filmada. Também gosto, especialmente às segundas, quando atesto o carro na Galp e oiço ‘obrigado por escolher a Galp, tenha um dia positivo’, há quem me deseje um dia positivo, uau… I’m a lucky girl!

Se estas pequenas coisas do dia-a-dia não te põem bem-disposto, e ainda assim és daqueles que refila porque a crise se instalou e o desemprego vai aumentar, e há trânsito na cidade e é um inferno estacionar o carro e há bichas nas finanças e primeiro que um gajo seja atendido muda o ministro e os filhos da pu%& dos administradores do BNU encheram os bolsos à conta dos nosso impostos e a sogra e os filhos só dão trabalho porque ou estão velhos para trabalhar e só refilam ou ainda muito novos e só gastam…. Se de alguma forma te revês nesta desgraça toda eu tenho um conselho: COMPRA UMA VACA.

Sim compra a vaca, trata dela durante 1 semana e depois se ainda assim a vida se apresentar cinzenta e o desespero acabar por se instalar: VENDE A VACA!

Depois do episódio da VACA estabelece-se o NIRVANA, e o ‘sorria está a ser filmado’ ou o ‘a sua chamada é importante para nós, por favor aguarde’ vão simplesmente dar brilho e cor ao dia-a-dia.

Assim os dias, ou pelo menos, a maior parte deles, vão ser felizmente passados SEM VACA!

Take air!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Confesso a estupidez total

Gostava de partilhar uma cena que eu faço constantemente e nem sei se será normal... bom normal sei que não é... mas será que há mais alguem que o faça??????




A vida é um jogo composto por infinitos níveis de dificuldades, vamos passando alguns repetindo outros até que sem aviso prévio: game-over...




Tendo em consideração os trunfos que vais acumulando e a capacidade que desenvolves durante os níveis para chegares mais além é de esperar que acabes o jogo, one day.... mas há sempre aqueles níveis chatos que te exigem um enorme esforço para passares ao próximo. Nestes há uma tendência para desistir afinal nem se conhece a recompensa, nem sequer temos a certeza que a recompensa existe: será que vale o esforço?




Na minha opinião vale sempre o esforço. Mas nos níveis dificeis sinto necessidade de intuir se estou a fazer bem ou mal, procuro constantemente sinais de aprovação, imploro ao universo para me dar um aviso. Em termos muito praticos faço joguinhos dentro do jogo; falo muito comigo do genero: se encontrar lugar para o carro significa que devo ir à reunião, senão é porque talvez não deva... Este tipo de joguinhos cerebrais são mortais, por não estarem baseados numa estrutura racional, antes pelo contrário são totalmente idiotas e EU tenho essa noção... mas já é uma coisa interna, entranhada em mim. Não me consigo livrar dela ;) HELPPPPP!




Não me incomoda muitooooo até porque quando (usando o exemplo do carro) não encontro lugar para o carro ajuízo sempre o ridiculo desta minha maneira de pensar e na cretinisse de raciocinio idiota e acabo por ir na boa para a reunião, até me 'riu' da situação e da estupidez aos 34 anos a fazer este tipo de jogos imbecies. Mas quando chego e encontro logo lugar, fico incrivelmente agradada na lógica deste meu raciocinio 'que nunca me falha', creio mesmo que o universo está à espera que eu vá a reunião, passa a ser missão, nada me demove.... CRAZY...



Lembro-me quando era teenager inconsciente - altura em que me iniciei neste tipo de jogos - quando tinha vontade de acabar com um namorado fazia o jogo de acertar com uma bola enrolada de papel no caixote do lixo - se acertasse acabava... mas prevalecia sempre a vontade, se na primeira tentativa falhava o caixote, o joguinho passava logo para 'se acertar na segunda vez', se falhasse passava para a 'terceira vez' and so on... até que finalmente acabava por acertar no caixote. Assim que a bola enrugada de papel entrava no caixote: BINGO finalmente tenho 'permissão' do universo para acabar... é isso que o universo quer que eu faça, se não fosse eu não teria acertado... desculpas portanto...

Take air ;)

segunda-feira, 17 de março de 2008

É tipo Outono... Sabe bem e não faz mal!


disse-me uma amiga quando lhe falava há tempos, sobre estar-se apaixonado, e eu acrescentei 'e passa depressa'. E passa mesmo, tudo passa...


A intensidade do sentimento de se estar apaixonado faz-nos bem, faz-nos sentir vivos, mas é algo muito teenager: morrer de paixão, cortar os pulsos, head over heels... o sentimento é tudo e tudo muito e (in)felizmente efémero.

Admito que a paixão completamente correspondida causa uma enorme felicidade e satisfação ao apaixonado, mas a felicidade que vem duma paixão correspondida é baseada numa estrutura ilusória criada pelo apaixonado e que apenas tem a ver com ele e com mais ninguem. O apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objecto da sua paixão, que é ser correspondido. Ser correspondido por alguém que também deseja a paixão e que também cria uma estrutura fantasiosa, com bases frágeis que não correspondem à estrutura ilusória do outro... Naquela fase embriagada da paixão as partes sedadas pelo sentimento confundem as suas estruturas: aparentemente são as mesmas, mas enganam-se porque cada um construiu a sua, com base na SUA cara metade e não na real cara do outro...

A paixão é fogo que arde sem se ver (ou será que era o 'amor' LOL)....

Só mesmo com a alma a 'arder' é que conseguimos ir assitir a uma palestra sobre a castração quimica do gafanhoto argentino (*), apresentada em alemão pelo prof. Friedrich Von Stradonitz, com tradução simultanea para sueco, palestra essa de extrema importância para a nossa 'cara metade' mas brutalmente massadora para nós, e embora chata, a palestra acaba por se tornar interessante na medida em que nos permite dar asas à nossa fogueira e manter as labaredas acesas durante toda a tediosa conferência, podendo nós, ignorantes no que diz respeito ao gafanhoto, curtir o estado de admiração pela nossa cara metade, que aparenta entender tudo e mais, e cultivar essa loucura que é a paixão...

... até que um dia o fogo passa a incêndio e vira-se contra nós, aquilo que eram lindas e escaldantes labaredas em deliciosos tons de amarelo e laranja, passam a chamas insuportáveis que assam a alma e abafam toda a admiração que julgavamos sentir, e concluimos que afinal o sentimento não era assim tão abrasador, e o que outrora bronzeava a nossa vida e o nosso dia a dia, hoje se torna num acervo preto de madeira chamuscada e nauseabunda, nalguns casos repugnante até.

E depois de escaldadas pensamos 'what was I thinking??' como é que foi possível EU (inteligente, esperta, prespicaz, sensata e lucida) achar que gostava daquela gajo (estupido, bronco, ignorante e parvo) como é que euzinha fui apaixonar-me por aquela cavalgadura que não tem nada a ver comigo??

Pois... não tem mesmo nada a ver.... a paixão é um sentimento individual. A paixão que sentimos pelo outro, ou por outra, a paixão que sentimos pela suposta 'cara-metade' é precisamente a NOSSA cara metada e não a outra pessoa... alias atrevo-me mesmo a dizer que a outra pessoa ou a 'suposta cara-metade' não interessa nada para a nossa paixão, servindo apenas como objecto para um sentimento individual nosso, muito intimo, o qual está subjacente a NOSSA cara-metade... a nossa alma gemea - BULLSHIT - Se assim fosse, ou seja, se nos apaixonassemos pela nossa VERDADEIRA cara-metade, então teoricamente nós seriamos também a cara-metade do outro, certo? Bom, então se assim fosse não havia o arrefecimento da chama, ou esta nunca se tornaria num indêncio perigoso e mortal...

Ok na volta enganámo-nos, temos esse direito... apaixonámo-nos por aquela pessoa que pensámos que fosse a nossa cara-metade, but we were wrong... damos a mão à palmatória, auto flagelamos-nos, mea culpa mea culpa... e partimos para outra, mais uma vez vem a paixão, a ilusão que é um sentimento partilhado, a admiração, aquela sensação de 'é desta' para pouco tempo depois há um gesto, uma frase, um olhar que nos confirma o inevitável: afinal não é desta....

Quando no lugar do entusiasmo escaldante, a paixão afrouxa e arrefece para níveis glaciares, irrompe-nos um sentimento de desinteresse e indiferença quanto ao objecto, o que era antes a nossa cara-metade, passa a ser um estorvo, um empecilho que nos preturba, porque afinal era suposto ser a nossa cara-metade... e não é porquê???? Razões várias surgem (raramente são as verdadeiras razões), tendencialmente as pessoas associam a morte da paixão ao abominável comportamento do outro: o gajo é um egoísta, só faz o que quer, não me liga nenhuma etc etc... mas o que alimentou a paixão não foi o comportamento do gajo, foi sim a ilusão criada para preencher o desejo individual da pessoa apaixonada... Quando as razões para o fim da paixão são passadas para o outro, desresponsabilizamo-nos e nem sequer nos questionamos: a culpa é do gajo (ponto). Arrumamos o assunto.

Na minha opinião o sentimento de paixão, é um sentimento completamente individual. Só tem a ver connosco, com mais ninguem. É o desejo que temos de encontrar a nossa cara-metade... Lamento mas vou ter que dar a noticia: não existe a cara-metade. Peço desculpa para os mais romanticos, que terão mais dificuldade em gerir esta cruel noticia. Mas quanto mais cedo se aperceberem que não existe a cara-metade, melhor.... ao menos não a procuram... Existem sim pessoas, todas diferentes, e nenhuma é a metade da 'laranja' da outra.

Então o que fazer?? É tão bom sentirmos a emoção da paixão... a gula do desejo alimentada por um objecto fisicamente atraente? Quem não gosta de sonhar com o encontro ideal, com a nossa alma gemea? Alcançar o nirvana emocional? Saciar um desejo torrido, fantasioso e muito prazeroso? E sobretudo que dure e dure e dure... Como ter o melhor da chama sem que esta vire incêndio?

Não sendo uma ciencia exacta, na minha opinião, a solução ideal não existe, existe a solução possível, feita à medida de cada um de nós. Quanto a mim comecei a apreciar o morno. A minha amiga a propósito do 'morno' dizia-me que o morno é apenas o mais comodo... e talvez ela esteja correcta, é sem duvida o mais comodo, até porque um incêndio que começa por uma chama agradável, pode rapidamente se tornar num grande incomodo.

Se controlo o sentimento? Sim.... lógico que sim.... somos animais racionais com capacidade de controlo, basta querermos... é comodo. Não esfria, nem aquece, ou por outra: até pode aquecer sem queimar e esfriar sem congelar, uma chama que ora aumenta ora diminui ao nosso ritmo, controladamente comoda.

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( * ) Inspirado na minha amiga Claudia que se interessa por este tema e outros de igualmente interessantes, nomeadamente:

» A migracao da formiga branca em Africa;

» A catalogacao de arquivos mortos por ordem alfabetica;

» A restauração de monumentos historicos miniatura executados com palitos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Aversão ao Casamento ??

Ok vou voltar ao tema...


E apesar de não saber escrever em html, nem por links nem fotos, este post é dirigido ao blog amiguinho da minha amiga CRISTINA LOL e eu cito nomes PONTO....


Ela fez uma metáfora (muito engraçada) sobre relações, em que considerava haver pessoas do tipo 'marta' que apreciam o porco ainda no seu estado infantil, isto é enquanto leitão... há outras, porém, que desejam experimentar o porco adulto e folgam em estimar o porquinho, cuidando dele e têm a paciencia de o nutrir e de o ver crescer para depois tirarem partido e apreciarem o presunto e o chouriço presenteados apenas pelo porco na fase adulta. Bom a metáfora tá muito mais gira, convém irem LER a dita no blog dela...


By the way sou vegetariana, não como carne MORTA ;) de qualquer das formas metaforicamente posso imaginar-me a comer leitão e até consigo chegar ao chouriço e ao presunto, uma vez que a maior parte da minha vida comi carne morta, e confesso que adorava presunto.... (chouriço só com favas)... o ponto que eu quero passar é que eu não sou aversa ao casamento, nem pouco mais ou menos! Não serve é para mim....

Até acho que o casamento possa ser uma forma de convivio saudável para quem goste de comer sempre o mesmo presunto... e na volta o porco fornece presunto de grande qualidade e saboroso durante o resto da vida do porco (que são 6 meses LOL) o que se passa comigo é que eu até chego ao varrasco mas ter de levar com o animal o tempo todo, conviver com as suas manias e com os seus habitos, e sobretudo ter de partilhar o meu espaço com o bicho, e ter de alterar o meu modos vivendi em função do bicho, e acima de tudo não poder experimentar outro leitão sem que nasça algo na cabeça do bicho.... isso é que não... sou demasiado egoísta para ser generosa a esse ponto, que se lixe o presunto e venham os leitões.... mas o mesmo leitão pode virar varrasco e certamente posso vir a apreciar a carne tenra do porco adulto sem ter de conviver e manter um compromisso com o dito.... cada macaco no seu galho, ou por outra, cada porco no seu curral e soltem os leitões ;)

Posto isto, no outro dia fui arranjar as unhas e ao meu lado estava (também a arranjar as unhas) uma Senhora com uns 70 anos, give or take a few... eramos 4 mulheres: 3 na casa dos trinta e a dita Senhora. Das 3 trintonas, duas estão casadas há cerca de 5/6 anos e a outra (EUzinha) solterissima.

A Senhora já contava com 45 anos de casamento. Até aqui tudo maning nice.... Massss o mais interessante é que a conversa deu para o sexo... eu (que sofro de diarreia verbal crónica) tentei inicialmente conter-me, em consideração à Senhora, mas à medida que fomos conversando a Senhora mostrou-nos uma abertura enorme quanto ao tema, e explicou que casada há 45 anos, sexo ainda o pratica sim, obviamente não com tanta frequência que o fazia em adolescente, mas que quando o faz tem prazer, e apesar do marido, que já ultrapassou largamente a fase do porco adulto, ter de tomar algo para o ajudar a armar tenda, apesar disso o sexo é prazerouso.

Foi, sem duvida, um 'arranjo de unhas' bastante animado, e esclarecedor.... afinal 45 anos a comer o mesmo presunto e ainda gostar e sobretudo conseguir come-lo com prazer, apesar da placa dentária, é sem duvida uma raridade nos dias de hoje....

Na minha opinião o ser humano tem vontades próprias que mudam ao longo da sua vida, vontades essas que passam também pelo desejo sexual, o qual é, há seculos, reprimido socialmente. A grande culpada desta censura passa, na minha opinião, pela igreja católica, base da nossa sociedade, onde tudo o que dá prazer é considerado pecado, e onde o sexo serve apenas e só para procriar, nem pensar ter qualquer tipo de prazer... ai MEU DEUS que é pecado... Ok eu sei que a maior parte das pessoas da minha geração já não pensam desta forma, mas a mudança deu-se há relativamente pouco tempo, hoje não conheço ninguem da minha geração que pratique sexo apenas com o intuito de procriar, todavia a maior parte das minhas amigas casadas, fizeram-no, incoerentemente, através da igreja católica. Na base da igreja católica está o conceito de casamento, de fidelidade e sobretudo de monogamia que encontramos na nossa sociedade....

Contudo, tudo começou quando há muito muito tempo alguem iluminado decidiu criar o casamento (confesso que não fui estudar sobre o assunto, logo admito vários erros históricos.... ) porque tinha a consciencia que não sendo monogâmico, a poligamia (quiçá promiscuidade) do ser humano podia interferir na paz da sociedade, uma vez que, na impossibilidade de estabelecer com rigor a paternidade, a filiação apenas podia ser contada por linha feminina. Como consequência, as mulheres, como mães, iriam possuir uma arma de domínio absoluto.
O iluminado, macho, aproveitando o facto do homem ser o mais forte e a mulher fisicamente mais fraca, aproveitando também o facto da mulher ter de amamentar a cria, instituiu o casamento para estabelecer a ordem e a paz entre os seres e para que os homens passassem a ser produtivos e deixassem de pensar nos desejos sexuais a toda a hora.... Assim através do casamento impunha-se a monogamia e acabava-se com o poder das mulheres LOLLLL e acabava-se com a guerra entre os homens, tudo é mais facil de gerir.... (Granda teoria minha....)

No entanto, apesar de nós termos nascido numa sociedade criada pelo iluminado, não temos necessáriamente de concordar com ela...

Eu por exemplo discordo, e não me interpretem mal, não concordo com o casamento e com a sociedade como ela é, mas acho que para a maioria das pessoas isto funciona.... se funciona para quê mudar???... eu só mudei porque discordei, mas aceito que possa passar muitos anos a comer sempre o mesmo presunto, sem ter de dormir com o porco ;)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Compromissos e Casamentos ou Amizades Cheias de Cor??

Cada um sabe de si, mas euzinha acabei por aprender nos meus 34 anos de vida que nem toda a gente foi feita para casar... eu (por exemplo) sei que não fui. A rotina e o dia a dia enjoam-me. Egoísta eu? Assumidamente.

Acredito que o homem não é um ser monogâmico e que ao longo da sua vida tem a opção de resistir às tentações e manter um casamento, ou não resistir às tentações e manter um casamento, ou exercer a sua liberdade de estar com quem quiser quando quiser... as relações ditas ‘coloridas’ fazem, na minha opinião, mais sentido.

Apesar de hoje pensar desta forma nem sempre fui assim, quando era mais nova estava disposta a tentar, o compromisso fazia todo o sentido. Se me custava? Sim! Claro que sim! Mas afinal, como a maioria das pessoas da minha geração, cresci no ceio de uma família católica, que apesar de não ser praticante (what the hell is this?!?!) também levei com a habitual lavagem cerebral que, qual publicidade subliminar, nos incute que o prazer é pecado, que para se ser feliz tem que se passar pela luta, que a vida é difícil, que é preciso suar muito para se ter um lugar ao sol... Nesta base ter um dia a dia rotineiro e cansativo, sacrificar anos por um casamento, por um compromisso faz todo o sentido: só depois do suor é que vem o lugar ao sol... A pessoa aceita a cena, à espera do tal lugar ao sol que nunca mais chega... vão-se passando os anos, as crianças nascem, a vida quotidiana continua (cada vez mais) difícil, as pessoas tornam-se rancorosas, acordam de neura, vão trabalhar de trombas, voltam para casa para mais um serão repleto de obrigações: fazer o jantar, arrumar a loiça, dar banho às crianças, organizar a roupa... e claro isto tudo misturado com discussões várias, sobre nenhum assunto, nada que contribua para o crescimento do casal... às tantas é inevitável a ruptura...

Será que as crianças de hoje ainda acreditam que existem princesas e belas adormecidas à espera de serem salvas ou acordadas por um príncipe guerreiro e destemido?? Pois na minha opinião até são capazes de achar piada às histórias (como nós achamos piada ao mundo fantástico do senhor dos anéis) mas acreditar nelas, duvido. Arrisco mesmo dizer que infelizmente a geração da minha filha vai ter muito pouco para acreditar, senão nelas próprias, o que já não é nada mau...

Depois de uma relação falhada, é-me complicado entender o que leva duas pessoas a assumirem um casamento, mas até chego lá, consigo identificar-me: em tempos também eu acreditei no amor para sempre. Mas quando somos pequeninos e lêmos as histórias das princesinhas não imaginamos que elas casassem com alguém que não amavam... se com o tão falado AMOR a coisa é complicada então sem ele OH MY GOD... antes o casamento era uma imposição natural, organizado pelos pais logo após o nascimento das suas filhas princesas, o casamento dito por amor era (privilégio) apenas dos pobres –» amor e uma cabana... UMA OVA! Nos dias de hoje amor e uma cabana é utópico, não há amor que resista... nota-se que até na palavra ‘resistir’ está implícito algo forçado, algo negativo do género «resistir a uma gripe; resistir a uma tentação» se é preciso resistir para o amor durar então que se lixe o amor e casemo-nos por conveniência SIM!

Isto leva-me ao ponto onde estou neste momento: ate the end of the day, não ganhamos nenhuma medalha em manter um casamento... nem os filhos nos vão agradecer... talvez haja, no entanto, pessoas que mantêm o casamento com a desculpa que é por causa dos filhos e no fundo é por conveniência... voltamos às histórias das princesas mas já sem a fantasia, voltamos à própria história da origem do casamento que era claramente por conveniência, forçado pelos reis e aceite por todos... agora continua a ser por conveniência mas forçamo-nos a acreditar que é por AMOR...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Coisas que me irritam!

Algumas coisas que verdadeiramente me irritam (por nenhuma ordem em especial):

1. Uma coisa brutalmente irritante é quando chego ao escritorio, de manhã, vou para chamar o elevador e encontro um infeliz (já à espera), carrego no botão com a seta que indica 'para cima', pois vou sair no 5º andar, nisto reparo que o botão com a seta que indica 'para baixo' também já foi carregado pois a luz do botão está acesa; quando chega o elevador entramos os dois e LOGICO que o engraçadinho que carregou no botão para descer também vai subir (são 9 da manhã num edificio de escritorios...); entro e carrego no botão que indica piso 5 e o engraçadinho carrega no botão que indica piso 3 .... nesta altura eu começo a bufar e pergunto «vai subir?» responde o idiota: «sim» começo a sentir calafrios e uma enorme vontade de esganar o infeliz... respiro fundo e tentando não transparecer que estou irritada digo «pois... se vai subir porquê que chamou o elevador para descer?!?!?!?!...» ao que o idiota normalmente responde «é que eu não sabia qual elevador ia chegar primeiro, se de baixo se de cima» -----»»»» WHAT THE HELL???? Nisto as portas fecham (devagarinho) há um impasse de 5 segundos até voltarem a abrir tambem devagarinho para 5 segundos depois fecharem novamente devagarinho e FINALMENTE o elevador começa a subir....

Nisto tudo perdi 5 preciosos minutos... no minimo, porque se tenho o azar da porta abrir (já depois de estarmos dentro do elevador) e haver pessoas a entrarem no edificio eu (gentilmente) fico com a mão na porta, à espera, para que todos entrem e não percam a 'viagem'!!! Logo os 5 minutos podem muito bem prolongar-se para uns tediosos 7 minutos....



É assim tão complicado usar CORRECTAMENTE um elevador?????



2. Pessoas sabichonas - aquelas que seja qual for o assunto acham que sabem sempre mais (que os outros) e têm necessidade de importunar os restantes 'pobres incultos' com as suas sabedorias de meia tigela, como se de um enorme previlégio fosse, poder ouvir estas BESTAS QUADRADAS (BQ) que jugam estar na posse da verdade absoluta sobre qualquer assunto (to say the least).....
Fala-se dum problema de saúde e lá vem a BQ, qual chefe das urgências do hospital santa maria, com o diagnostico certeiro, repleto de certezas absolutas e até chega a prescrever o tratamento que devemos fazer, dando exemplos vários da amiga do primo da tia da mãe em que o mesmo caso não correu tão bem e que acabou por morrer passado uma semana....;
Fala-se do novo aeroporto e de repente a BQ qual bastonário da ordem dos engenheiros adianta imediatamente que o melhor é construir o aeroporto na ota (ou em alcochete - tanto faz para o caso);
Até sobre o desaparecimento da maddie a BQ transforma-se em sherlock holmes e já resolveu o caso convicto que a mãe é que a matou (lógico). Normalmente estas 'pessoas sabichonas' são também dotadas da teoria da conspiração e saiem-se com frases profundas do tipo «se ainda não prenderam a mãe da maddie é porque a mãe está feita com a PJ portuguesa, à pois é.... eu é que sei»

Será que não se tocam que não têm noção.... será algum complexo???? OH MY GOD!

3. Qualquer criatura atrás dum balcão de atendimento das finanças. Criatura essa que entra as 9 e sai às 16, tem 60 minutos inteirinnhos para almoçar, sem obviamente contar com os vários cafézinhos pelo meio. A criatura exerce um total poder de entrave para o contribuinte que:
(a) falta ao emprego para esperar horas a fio na repartição
(b) trabalha 12 horas por dia e ainda leva trabalho para casa
(c) aproveita a hora do almoço para ir à repartição
(d) tem que se fingir de «estupido» para que a esfinge paneleira de óculos atrás do balcão tenha pena dele e o ajude...
Qualquer contribuinte que não tenha no minimo, 10 mestrados e 15 doutoramentos em fiscalidade não entende (por muitos neurónios que tenha) como é que o sistema fiscal português funciona... masssssssss irritante irritante mesmo, é ter de lamber o cú à esfinge e fingir que somos estupidos, na esperança que a criatura tenha pena de nós e nos ajude.
Naquele momento a desgraçada da criatura é a pessoa mais importante do mundo, quiçá do universo, e ela sabe disso, e como é uma invejosa, frustrada de merda vai-nos fazer penar para poder (finalmente) exercer o seu pequeno poder, já que não tem poder para mais nada....



4. Call centers - qualquer um! Ainda conseguem ser piores que a esfinge paneleira com óculos das finanças! Há dois tipos de call centers: os que ligam para nos vender qualquer coisa e os que somos nós a ligar (porque já compramos qualquer coisa).

No primeiro caso ainda a coisa é pacifica, ligam, eu atendo, percebo que me querem chular, calmamente digo «um momento», poso o telemovel na secretária e continuo a trabalhar tranquila. Geralmente quando me lembro do telemóvel já desligaram... na boa - pacifico.

No segundo caso é de loucos! Aconteceu no outro dia ter ficado sem internet e tive que ligar para a PT, ligo, atende o gravador onde somos 'obrigados' a ouvir as 9 opções (prima 1 para facturação, prima 2 para aumento de banda, (...) prima 9 para avarias), ok o meu problema deve ser avarias - penso eu - (os outros não tinham nada a ver) e lá primo o 9, oiço o gravador dizer «digite o numero que está avariado», eu digito o numero, espero 2 minutos e oiço uma gravação que diz que o numero inserido não tem nenhuma avaria e eis que a chamada acaba.

Volto à estaca zero e volto a ligar para o unico numero geral, volto a ouvir as opções todas e no fim a gravação diz para eu aguardar em linha que vão passar aos serviços de atendimento. Entre o fim da gravação e o atendimento passam cerca de 10 minutos. Finalmente atende o parasita do outro lado e é quando a coisa deixa de ser relativamente pacifica e passa para a esfera da irritação... As tantas percebemos que o inergume não nos está a ouvir, e está antes a ler o texto que aparece no monitor dele.

O nosso nível de irritação começa a subir em flecha, primeiro por não conseguirmos passar a informação a um sacana que até para ler tem dificuldades, e sobretudo por não conseguirmos resolver o problema inicial (de estarmos sem net), damo-nos conta que a nossa irritação não está a afectar a aberração, alias o nosso nível de irritação é inversamente proporcional ao nível de tranquilidade da besta.

Seria cómico se não fosse trágico, ouvi-los repetidamente e com a mesma vóz simpática, imunes ao nosso desespero, que a situação vai ficar resolvida em breve... Pergunto «breve???? breve quando???» e lá vem a voz zen e simpatica da abetarda a repetir a mesma lenga lenga e no mesmo tom paciente «a situação vai ficar resolvida em breve minha senhora. A PT Comunicações agradece o seu telefonema, gostaria de colocar mais alguma questão?» esta frase engalinha-me, a irritação está ao rubro... desde quando é que se colocam questões???? Faz-se uma pergunta, ok... mas colocar uma questão??? Colocar onde? No frigorifico? Porque raio é que hoje em dia qualquer abetarda com olhos se julga a última coca cola do deserto e enche o peito para dizer «deseja colocar mais alguma questão?»

Bom já tou a sair do tema... fico-me por aqui....

Para acabar, irritante mesmo deve ser ganhar o euromilhões e perder o talão... LOL

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O efeito BOOMERANG ;)

OU What goes around comes around! OU ainda: Cá se fazem cá se pagam!

Este tipo de know how devia simplesmente existir em cada ser humano, tal como o ar que respiramos: é gratis e precisamos dele para viver!

Quando conheço alguem que me pergunta qual o meu signo eu respondo que sou escorpião ascendente escorpião (nem sei o que quer dizer ascendente em linguagem de signos, mas sei que sou isso, seja lá o que 'isso' for) e reparo que há sempre um reação mais marcada ao meu signo, do que aos outros signos. É comum haver uma reacção do genero 'hummmm tu és daquelas vingativas...' há uma mistura de curiosidade e receio: afinal é do senso comum que o escorpião tem uma natureza vingativa. Eu até acho piada as pessoas olharem para mim com aquele olhar de 'será que ela é vingativa?' e depois isto dá sempre pano para mangas....

Não me considero uma pessoa vingativa, essa característica do escorpião em mim não se aplica... massssss nem sempre fui assim.... quando era mais nova achava-me altamente vingativa, era essa a noção que tinha de mim, e como não agia nesse sentido (de vingança) acalmava a minha 'falsa' identidade com pensamentos do genero «a vingança é um prato que se come frio» e lá se iam passando dias, semanas e meses até que me esquecia da razão que me motivou para a tal vingança.... e com o passar do tempo as coisas parecem menos importantes, e o sentimento mau de vingança desvanece.... até que me apercebi que eu não era o tipico escorpião, não era nada vingativa, I couldn't hold a grudge, sobretudo porque me esquecia, porque a minha memória selectiva não guardava nenhuma informação no meu cerebro que implicasse o resentimento relativamente a alguém; bom sem magoa e sem resentimento não pode haver vingança.... tive um choque, foi brutal pois tive uma 'crise de identidade' e comecei a perceber que afinal não me conhecia tão bem quanto pensava, assustei-me: afinal who am I???

Fui fazer psicanalise, sim isso mesmo: eu deitada num divã, a desbobinar o que me passasse pela cabeça a um psicanalista «freudiano» a quem pagava para me ouvir.... fui com o objectivo de me conhecer... parece meio estupido: pagar a alguém para te ouvir para que TU concluas quem TU és.... fónix.... parece facil... pois é, mas não é.... tive lá 3 anos: give or take cerca de 300 sessões de 60 minutos: 18 mil minutos de psicanalise, parece muito... pois é, mas não é.... deixei de ir porque passei a ter outras prioridades e não por considerar que já me conhecia.

Acontece que somehow, nestes 18 mil minutos de trabalho (sim foi mesmo trabalhoso) consegui conhecer-me melhor. Uma das coisas que percebi é que o tal 'efeito boomerang' que devia exsitir em cada ser humano, sempre existiu em mim: nasci assim, fazer o quê??? Então o que percebi (que foi life changing) é que tudo que fazemos de bom ou de mal volta para nós. Parece uma conclusão obvia, mas não é... porque como em tudo na vida, é necessário perceber como funciona este 'efeito boomerang' e não é assim tão obvio:

These are the rules:

1. Não se pode estar à espera.
2. Não se pode ignorar, tem que se agir.

Não se pode agir bem só pela espera de recompensa futura (age-se bem porque sim, mas não para esperarmos o bem de volta para nós). Se eu dou um presente a uma amiga, não posso ficar à espera que ela me dê um a mim também: it doesn't work that way... eu dou porque gosto de dar. A ideia é a pessoa dar (ou agir/ou ajudar) sem esperar nada de volta, mas que seja genuino pois só se for genuino é que volta para nós (através doutras mãos, de outras pessoas, de outras formas) e volta para nós na proporção que nós demos e equivalente ao bem que praticamos; ou seja eu dou uma esmola de 5 euros a um pobrezinho, não significa que me vão dar a mim 5 euros um dia, apenas sei que o valor que os 5 euros representa para o pobrezinho virá para mim um dia, ou nesta vida ou noutra tanto faz, e poderá vir sob outra forma que não em seja dinheiro mas que equilave ao valor que esses 5 euros teve para o pedinte. You see my point?

Outra regra é não se pode ignorar o que nos é oferecido: se a vida nos dá limões TEMOS que agarrar neles e fazer limonada... não vale a pena ficarmos à espera das laranjas (ou do vodka) se a vida te dá (de mão beijada) os limões agarra neles e faz qualquer coisa deles enquanto estiverem maduros.... Se a pessoa ignorar o universo deixa de dar! É como em tudo: se eu ofereço todos os dias um café a uma colega e ela nunca aceita eu às tantas deixo de oferecer... Se o universo te dá, agarra, faz qualquer coisa...

Finalmente a vingança não faz sentido porque o efeito boomerang funciona para o bem ou para o mal: se eu magoar alguém (propositadamente) vou ter a mesma magoa someday. Pode vir de outra forma de outra pessoa, ou de outra situação mas irei sentir a mesma magoa na mesma proporção e equivalente ao que provoquei na outra pessoa.

É lógico que a pessoa tem de estar consciente: se eu magoar inconscientemente outra vou ter sinais que não posso ignorar para passar a estar consciente do que fiz, neste sentido é sempre preciso agir, não vale pensar «ok, magoei a pessoa X há 10 anos e só hj tenho consciencia disso, já não vale a pena fazer nada...» vale sempre a pena, desde que ajamos genuinamente sobre a nossa consciencia.

É isso.... tive que reler para ver se fazia sentido...

Keep smiling ;)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Something about Xmas time...

'...that makes you wish it was Christmas everyday'

Hoje dia 27 de Dezembro estou de ressaca!

Não comi nem bebi mais que a conta, mas mesmo assim tou de ressaca e (sorry Bryan) feliz por faltar UM ano para o natal!

Ocorre-me todos os anos: antes do natal oiço este classico tipico da minha geração, sempre adorei esta música, a letra faz-me viajar e sonhar com um mundo perfeito. Imagino-me à lareira, numa casinha de madeira, rodeada de neve, muitas velas e luzinhas de natal. E um enorme conforto interior aquela sensação de paz... Quando acaba o natal oiço a musica e nada... a fantasia acabou... (tal como a carruagem que vira abobora) e instala-se a ressaca: o que será que acontece para num dia eu sonhar com chocolate quente à lareira e no dia seguinte nada, zero, finito....

Talvez seja a repentina invasão de boa disposição geral pré natalicia: assistimos a coisas boas à nossa volta, há no ar um «xmas feeling», vamos ao supermercado e ficamos felizes por comprar o arroz e o feijão para oferecer ao banco alimentar contra a fome, somos capazes de nos tornar altamente solidários durante esta época, e sentimo-nos bem com isso, sorrimos na rua, desejamos «bom natal» nas lojas onde compramos os presentes para dar (nem sempre às pessoas a quem gostariamos de dar), enfeitamos as nossas casas, enviamos postais de natal, preparamos a casa para receber, a cozinha enche-se de iguarias várias tipicas da época, temos sempre qualquer coisa para oferecer a quem nos visita, a arvore fica cheia de embrulhos com laçarotes.... é como uma injecção de 'felicidade' que dura enquanto nos preparamos para o natal... depois de repente acaba ...

Para alguns acaba logo no dia da abertura dos presentes: recebemos coisas que não servem para nada, que não precisamos e sobretudo que não gostamos, depois temos que agradecer os presentes com um sorriso «sincero»; on top temos que «acartar» com as ditas coisas para o carro (de noite e ao frio) e do carro para casa, precorremos kms para estarmos com toda a familia que faz questão em estar connosco... temos que arrumar todas as inutilidade que recebemos, acabamos com kilos de caixotes para levar para o lixo (recliclado claro, senão até parece mal) e com mil objectos que não sabemos o que fazer, achamos tudo um brutal desperdício... sentimo-nos mal, o nosso sentimento de culpa está ao rubro...

Da mesma forma também nós distribuimos os nossos presentes pelas pessoas e sabemos que no fundo as pessoas no geral estão a pensar o mesmo que nós... Invade-nos um sentimento de culpa... sentimo-nos mal por receber tanta coisa que não queremos e começa a ressaca...

No dia seguinte acordamos e percebemos que a ressaca se instalou para ficar. A ressaca é tanto maior quantos mais presentes recebemos. De repente temos imensas coisas que não queremos, sintimo-nos culpados por não querermos as coisas que nos deram, sentimo-nos mal com isso, mal agradecidos.... sentimo-nos pior porque sabemos que existem pessoas que dariam tudo por terem uma familia para passar o natal, existem pessoas que dariam tudo por terem um carro para visitarem os primos, ou os avós e não se importariam nada de fazer os tais kms, que não se importariam nada de acartar com os tais presentes.... e nós que temos isso tudo «de mão beijada» não damos o valor, quer dizer é precisamente por darmos valor que nos sentimos mal, sentimos mal connosco pela atitude negativa do «que seca vou ter de ir almoçar a coimbra com a familia do meu pai, depois tenho que fazer 200 kms para vir jantar com a familia da minha mãe, vou ter de aturar a minha tia avó surda que insiste em conversar comigo.... ó que chatisse.... e vou gramar com mais um prato da colecção da vista alegre que a familia insiste em oferecer» mas só depois do natal é que nos aprecebemos do mal que nos sentimos, até lá estamos «drogados» pela injecção de felicidade que paira no ar, depois caimos na real, e lá está o biblot horrendo que nunca iremos por na prateleira oferecido pela amiga da avó que nos dá sempre qualquer coisa no natal, e nós temos que telefonar sempre a agradecer (e por telefonarmos a amiga da avó sente-se na obrigação de voltar a oferecer algo igualmente horrendo no ano seguinte), lá estão os papeis de embrulho amachucados espalhados pela entrada, o perfume que deve ter custado 'os olhos da cara' que nunca iremos por, e .... não há absolutamente nada a fazer.... a única coisa positiva que nos resta é o conforto de saber que falta UM ano para o próximo natal!

Contudo e pensando melhor, a musica do Bryan refere-se ao nosso estado prénatalicio, durante o efeito da injecção de 'felicidade'.... e essa sensação deveria manter-se sempre, todos os dias do ano como se todos os dias nos tivessemos a preparar para o natal....

We waited all through the year
for the day to appear
we could be together in harmony

You know the time will come
peace on earth for everyone
and we can live forever
in a world where we are free
let it shine for you and me

There's something about Christmas time
something about Christmas time
that makes you wish it was Christmas everyday

See the joy in the children's eyes
the way that the old folks smile
says that Christmas will never go away

We're all as one tonight
makes no difference if you're black or white
'cause we can sing together in harmony

I know it's not too late
the world would be a better place
if we can keep the spirit
more than one day in the year
send a message loud and clear

It's the time of year when everyone's together
we'll celebrate here on Christmas day
when the ones you love are there
you can feel the magic in the air - you know it's everywhere

There's something about Christmas time
something about Christmas time
that makes you wish it was Christmas every day

To see the joy in the children's eyes
the way that the old folks smile
says that Christmas will never go away

Please tell me Christmas will never go away